“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

GENESIS 22

Este capítulo mostra que Cristo (representado por Isaque) seria rejeitado pelos judeus incrédulos (Ismael), resultando em sua crucificação, e que Deus usaria essa mesma ocasião para cumprir o maior ato de graça da história da humanidade — a realização da expiação para a glória de Deus e bênção dos crentes.

O capítulo apresenta as coisas predominantemente do lado de Deus na cruz. Abraão levou seu filho Isaque a um lugar no “Monte Moriá” onde tentou oferecê-lo como sacrifício. Isto é um tipo do grande sacrifício de Cristo realizado no Calvário (Ef 5:2; Hb 7:27; 9:26; 10:10, 12). Embora Abraão não tenha realmente matado Isaque, o Novo Testamento enxerga este incidente na forma de um tipo ou figura, como se Abraão tivesse consumado seu ato, e Deus o tivesse ressuscitado de entre os mortos (Hb 11:17-19). O lugar onde Abraão fez o sacrifício era o mesmo onde Cristo viria a morrer muitos anos depois! O Calvário fica no monte Moriá, onde a cidade de Jerusalém foi construída (2 Cr 3:1; Hb 13:12).  Trata-se do mesmo local onde outro significativo sacrifício foi feito por Davi, o qual também tipifica o grande sacrifício de Cristo (1 Cr 21:18-30; 2 Cr 3:1). Isso demonstra que Deus tinha aquele local especial diante de Si muito tempo antes de Seu Filho morrer ali.

No fato de Abraão e Isaque irem “ambos juntos” ao “lugar” (Gn 22:3, 4, 9, 14; Lc 23:33) temos uma figura do Pai e do Filho indo juntos ao Calvário onde Cristo viria a morrer. Ao contrário de Isaque, que não sabia onde estava o carneiro para o holocausto (Gn 22:7-8), o Senhor Jesus sabia o que lhe esperava em Jerusalém (Lc 9:31; 12:50). A menção do “fogo” e do “cutelo” indica dois aspectos da cruz (At 2:23). O “cutelo” fala da morte de Cristo na mão de ímpios (At 3:14-15); o “fogo” (uma figura do juízo de Deus) fala do fato de Cristo ter levado sobre o Seu próprio corpo no madeiro os nossos pecados sob o juízo de Deus.

Existem três expressões relacionadas à “lenha” que Isaque carregava para o lugar do sacrifício. A madeira é extraída das árvores, e árvores aparecem ao longo das Escrituras como representação da humanidade. Primeiro, Abraão “cortou lenha” (Gn 22:3). Isto nos fala do fato de um corpo humano ter sido “preparado” por Deus para o Senhor Jesus a fim de Ele vir ao mundo e ser um sacrifício (Hb 10:5). Segundo, Abraão tomou “a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho” (Gn 22:6). Isto nos fala da encarnação de Cristo. Houve um momento na história deste mundo quando Cristo tomou a humanidade em Sua Pessoa e Se tornou Homem (Lc 1:31-35). Terceiro, quando Abraão e Isaque chegaram ao lugar que Deus havia indicado, a lenha foi tirada de Isaque e colocada sobre “o altar”. Em figura isso nos fala do momento em que Cristo entregou à morte a Sua vida como Homem para a glória de Deus (Ef 5:2).

Não lemos de qualquer objeção ou resistência da parte de Isaque; a narrativa nada diz a respeito. Esse silêncio indica de forma maravilhosa a perfeita submissão do Senhor Jesus à vontade de Seu Pai. Ele disse: “Não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26:39). E também, “não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18:11).

Neste ponto o tipo ou figura falha, como costuma acontecer com todos os tipos e figuras, no sentido de que aqui Deus proveu um substituto para Isaque na forma de “um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato” (Gn 22:10-14), já que não havia ninguém que poderia assumir o lugar de Cristo ao fazer a expiação por nossas vidas. O carneiro é um tipo de Cristo. Ser “travado pelos seus chifres” nos fala da devoção de Cristo à vontade de Deus que O levou à morte. Nas Escrituras os “chifres” nos falam de força — a força de Seu amor a Deus (João 14:31) e a força de Seu amor por nós (João 13:1). Foi esse grande amor que manteve Jesus na cruz. Abraão chamou aquele lugar “Jeová-Jiré”, que significa “o Senhor proverá”. Isto ilustra o fato de que a cruz é o lugar onde Deus fez provisão para os homens serem salvos pela fé. É significativo que após o carneiro ter sido oferecido em sacrifício já não encontramos Isaque no texto até ele ser visto unido com sua noiva (Gn 24:62-67). Portanto, o tipo ou figura indica que ao morrer Cristo seria removido da vista de todos neste mundo, mas um dia Ele seria, em ressurreição, publicamente ligado à Igreja, Seu corpo e noiva.

Após o carneiro ter sido oferecido Deus falou da grande bênção que viria à semente de Abraão — “as estrelas do céu” e “a areia que está na praia do mar” (Gn 22:15-19). Isso aponta para o fato de que, como consequência da obra consumada de Cristo na cruz, muitas vidas seriam abençoadas. O capítulo termina com a linhagem de “Naor”. É significativo o fato de as Escrituras mencionarem “Betuel”, o oitavo filho, do qual veio “Rebeca” (Gn 22:20-24). Rebeca estava destinada a ser a futura esposa de Isaque. Ela é um tipo bem conhecido da Igreja. Oito é um número que significa nova criação. O fato de ela vir do oitavo filho aponta para a verdade de a Igreja fazer parte da nova criação (2 Co 5:17; Ef 1:10; Hb 2:11-13).



Postagens populares