JOÃO 4
O Senhor ensinou a mulher à beira do
poço três coisas bastante
significativas que iriam assinalar a mudança da velha ordem de adoração da
antiga dispensação para a nova ordem de adoração no Cristianismo. Isso viria
como consequência de os crentes terem a “água
viva” do Espírito de Deus habitando neles (a “fonte”) como o poder para a nova adoração (Jo 4:10, 14). A água
que sai da fonte tem energia em si mesma e é uma figura do poder do Espírito no
crente.
Primeiro,
haveria um novo lugar de adoração que
não seria nem “neste monte” (Gerizim),
nem em “Jerusalém”. Esses eram
lugares na terra, mas as passagens em Hebreus 8:1-2; 9:11, 23-24 e 10:19-22
indicam que o novo lugar de adoração no Cristianismo é no santuário celestial na
própria presença de Deus. Portanto o centro de adoração do Judaísmo, um centro
geográfico terrestre, deixaria de existir.
Em
segundo lugar, havia uma nova revelação
em conexão com a Pessoa a ser adorada. No Judaísmo Deus era conhecido como
Jeová e Deus Todo-Poderoso, sendo adorado como tal, mas agora no Cristianismo
Ele seria adorado como “o Pai” de
nosso Senhor Jesus Cristo. Este é um relacionamento muito mais íntimo com Deus.
Em
terceiro lugar, haveria um novo caráter
de adoração. A adoração no Judaísmo era essencialmente terrena e auxiliada por
instrumentos musicais físicos, além de ser efetuada por meio de um sistema de
rituais e cerimônias. Mas a nova ordem de adoração no Cristianismo seria algo
puramente espiritual. Os crentes no Senhor Jesus Cristo iriam adorar o Pai em “espírito” (espiritualmente — Jo 6:63) e
em conformidade com a nova revelação da “verdade”
que acompanharia a nova dispensação. No Cristianismo oferecemos “sacrifícios espirituais” auxiliados
pela presença do Espírito Santo que em nós habita (1 Pe 2:5; Fp 3:3), em contraste
com as “várias abluções e justificações
da carne” da ordem judaica (Hb 9:10). Isto é feito na própria presença de
Deus (Hb 10:19) e trata-se de uma bênção que Israel não teve. Considerando que
os cristãos devem adorar “em espírito e
em verdade”, podemos permanecer sentados em silêncio enquanto de nossas
almas e espíritos sai um genuíno louvor a Deus Pai através do Espírito Santo.
Esta é a verdadeira adoração celestial.
A
adoração judaica da antiga dispensação apela para os sentidos humanos, pois ela
é um meio terreno e sensual de se aproximar de Deus. Tal adoração é estimulada
pelos sentidos, como vemos nos exemplos a seguir:
- Visão — a grandiosidade do Templo (1 Rs 10:4-5; Mc 13:1; Lc 21:5).
- Olfato — a queima de incenso que produzia uma atmosfera envolvente (Êx 30:24-38).
- Paladar — os sacrifícios que eram comidos (Dt 14:26).
- Audição — a bela música produzida pela orquestra e com a participação do coral (1 Cr 25:1, 3, 6-7).
- Tato — a participação das oferendas de maneira física, com danças e o levantar das mãos (2 Sm 6:13-14; 1 Rs 8:22).
É
significativo que não encontramos em lugar algum do livro de Atos ou das
epístolas evidências de que os cristãos adorassem o Senhor usando rituais ou
instrumentos musicais. Nas Escrituras os únicos dois instrumentos que vemos os
cristãos usando na adoração são os seus “corações”
(Cl 3:16; Ef 5:19) e seus “lábios”
(Hb 13:15).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.